O verdadeiro valor de uma certificação
Escrevo a postagem de hoje na iminência de mais um teste classificatório para uma certificação, no caso a Terraform Associate (003). Desejem-me sorte! 🍀
Ao longo da minha carreira, tive o privilégio de conquistar algo em torno de 28 reconhecimentos técnicos, entre certificações, badges e credenciais dos mais diversos produtos e empresas. Em retrospectiva, esses números parecem ótimos, mas não contam toda a história por trás do motivo pelo qual busco esse tipo de reconhecimento. Como tudo na vida, as aparências podem às vezes nos enganar.
Existe uma pluralidade de visões acerca do tema certificações. Certas pessoas defendem que elas são uma maneira válida de se atestar o conhecimento de um profissional. Também existem aqueles que acreditam que o demasiado enfoque teórico de uma prova não é capaz de avaliar a experiência real de um indivíduo.
Emanuel James "Jim" Rohn, o famigerado autor da frase “você é a média das cinco pessoas com quem mais vive” enxergava o sucesso não como um destino final, mas como uma jornada constante de crescimento e aprendizado. Para ele, o verdadeiro sucesso não se resumia a alcançar metas específicas, mas sim em evoluir continuamente, buscando sempre a melhor versão de si mesmo.
E por que eu estou te contando tudo isso, caro leitor?
Porque por mais que eu odeie coaches e gurus pessoais, tenho que dar o braço a torcer e reconhecer que essa é basicamente a filosofia que sigo em se tratando desse tipo de credenciamento: o sucesso não está em conseguir a certificação em si, mas sim no processo de se tornar um profissional melhor através da práxis, a união dialética entre teoria e prática.
Para quem não conhece o conceito, práxis é uma palavra com origem no termo em grego praxis que significa conduta ou ação. Corresponde a uma atividade prática em oposição à teoria.
Ahá! Mas você disse agora, agorinha, que práxis é a união desses dois conceitos. Já tá se contradizendo, mano? Cê tá pensando que eu sou loki, bicho?
Calma! Existe uma outra definição de práxis: a definição marxiana!
A práxis é um conceito básico da filosofia marxiana, relativa a transformação material da realidade. Para Marx, a teoria deve estar incluída na práxis, tratada como uma atividade humana prático-crítica que nasce da relação entre o homem e a natureza.
Quando aplicamos esse conceito ao processo de aprendizado, vemos que o conhecimento verdadeiro não se limita à absorção de informações teóricas, mas exige a experimentação e aplicação prática:
A teoria orienta a prática: o aprendizado começa com a compreensão dos conceitos, dos modelos e das regras que fundamentam uma determinada área do conhecimento.
A prática testa e aprimora a teoria: ao aplicar os conceitos na realidade, surgem novos desafios e descobertas que podem questionar ou aperfeiçoar a teoria inicial.
A práxis gera conhecimento transformador: o aprendizado torna-se um ciclo dinâmico onde a experiência prática realimenta a teoria, gerando um conhecimento mais profundo e significativo.
Trocando em miúdos, a certificação é para mim só um dos subprodutos desse processo cíclico onde eu aprendo algo 👉️ aplico esse algo 👉️ transformo a realidade 👉️ aprendo algo novo 👉️ aplico esse algo novo 👉️ transformo a realidade novamente e assim sucessivamente.
Portanto, fica aqui uma dica para aqueles que estão pensando em obter uma certificação:
“O propósito não é apenas chegar, mas crescer durante a caminhada.”
Contudo, tenho plena ciência que as minhas convicções negligenciam o fato de que hoje em dia o mercado de certificações é extremamente injusto com os profissionais de tecnologia. Algumas certificações são caras, incluindo o custo dos exames e, às vezes, cursos preparatórios, e muitas delas ainda exigem recertificação periódica, o que pode gerar custos recorrentes. Ou seja, nem todo mundo pode pagar uma certificação como parte desse processo dialético e arriscar perder uma grana braba.
Também não considero alguns fatores inerentes as dinâmicas do mercado de trabalho contemporâneo tais como acesso a melhores oportunidades profissionais, aumentos de salário, exigências contratuais, pré-requisitos para mudança de carreira, dentre outros. Afinal de contas, cada um sabe onde o seu calo aperta e esse papo de aprender como parte do processo só é legal quando o seu emprego não está em risco.
Meu único objetivo com esse artigo é descrever o porquê eu acredito que certificações são um meio e não um fim, e quem sabe apresentar uma outra visão acerca do tema.
Seria interessante poder continuar essa conversa. Se você tem outro ponto de vista, se concorda comigo ou se quiser complementar algum conceito ou informação aqui apresentados, por favor, não deixe de comentar!
Um grande abraço a todos e bom fim de semana!